abril 10, 2009

Lado a lado

A grama é sempre mais verde do outro lado. O campo é mais aberto e as árvores têm copas mais frondosas. O rio que lá corre é mais extenso. A água é mais cristalina e a margem é mais calma. Os pássaros cantam com mais vigor e as flores lançam no ar um perfume mais agradável...

Mesmo assim, permaneço neste lado.

Na grama seca me deito. Reflito sobre a aspereza da vida. Penso nas minhas limitações. Percebo minha vulnerabilidade diante dos problemas. Por aqui, não há copas de árvores que me protejam do sol. Ouço o grito frenético da multidão que corre de um lado para o outro, dentro de uma cidade que cheira a asfalto. Vivo na agitação do real e na contemplação do irreal.

A natureza do outro lado é maravilhosa, sempre intacta. Bela de se admirar. Porém, inalcançável. Existe em si e por si.

A natureza do outro lado é maravilhosa, mas não paga as minhas contas.

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