dezembro 26, 2008

Novo ano passado. Feliz?


Enfim, por uma série de motivos, eu decidi não mais trabalhar aos sábados.
Sábados, prefere-se curtas viagens, descanso, outro tempo. Poucas horas sem agenda, mas cabe limpar a casa, limpar você, filme, livros... Fazer tempo para estudar. Para isso, é preciso comprar tempo. Tempo para sorrir, tempo para andar, tempo para pensar. Tudo tem o seu tempo para todo propósito debaixo do céu: há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou. E por aí se vão dois versículos. Restam seis de uma seção do capítulo três de Eclesiastes. As aspas deveriam ter sido abertas e já fechadas. Não o foram. Detalhe. Gasta-se tempo.

Acredita-se ser tempo desperdiçado o tempo do pensamento, dos riscos no papel e da leitura no sofá. Tempo em vão. Já ouviu falar de alguém famoso por não fazer nada? Vagabundo, é o nome. Poucos dizem. Muitos pensam.

Não posso mais trabalhar aos sábados. O verbo mudou, o efeito não. Não poder quer dizer que estou sendo coibida à decisão. O estômago gritou: pare! O sono: pare! O coração: pare! O cérebro: é tempo de optar por outras praias!

Águas... Tenho de olhar para um canto menor e cumprido do mapa. Antes era uma forma mais para circunferência deformada e um nariz, agora reta. Presto atenção ao noticiário do clima. Aprendi que, quando chove, cai um pingo, dois e todos. Não é aquela chuva vinda aos poucos, fininha, devagar, céu cinza, mais preto e, só agora, tempestade. Aqui não. É chuva? Vem do oceano e cai. Às vezes, duram dias, sem parar. A cidade enche. Muitas casas enchem. As pessoas enchem. Zona norte e zona sul, pobre e rico, lado a lado b: alaga ou não alaga.
Ouço “Ladeira da preguiça” e gosto muito de esquecer o significado de morro. Isso é tão bom! Andar, andar e ainda ver o depois, é tão bom. O horizonte? Lá, não. Só o belo. Zona norte-morro-barragem da Pampulha-morro-UFMG-morro-obra rodoviária-morro-cracolândia-IAPI-morro abaixo-centro e, ufa, é chegado o cercado de morros. Fechado num mar de morros. Aqui não é metáfora. O mar está ali. Molhado, salgado, o primeiro e mais importante amigo. Depois dele, haveria monstros? Perguntariam meus antepassados. Não! Há mais vida.

E há vida aos sábados. Há vida às sextas também. Mas, não percebemos. Percebemos só por acaso aquele velho bêbado na praça sem banco. Ele é vida também.

Amor? Que nada. A vida prega suas desilusões com pregos inoxidáveis. Amor, palavra que traz existência há algo que não se vê. Não se pega. Não se ouve. Não se cheira. Amor? Cadê? Espera seu tempo que já passou.

Sábados aos pensamentos. Segundas, terças e feiras. A estas, todo o trabalho. Aos sábados, pensamento e ponto

É sempre excelente lembrar de todos vocês. Percorremos tantos caminhos numa mesma intensidade. Além-mais. No mais das reflexões que a palavra através da literatura constrói-nos seres: humanos sociais políticos culturais, os ais.

Para mim, diferente ano. Algumas ciências e outras nem tão reconhecidas dizem que a vida acontece sempre em etapas. Um bom amigo afirmou sabiamente a mim (e ao vento) que “entender de mulheres é entender de ciclos”. Eu ciclo.


Boas energias para o ano velho que vem de novo!

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